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"Antropologia, Escala e Memória "
RESUMOS / RÉSUMÉS / ABSTRACTS
Abordagens Teóricas ao Estudo Da Memória Social: uma resenha crítica
Elsa Peralta
Memória colectiva, memória social, memória cultural, memória popular, contra-memória, identidade, significado, representação.
Mémoire collective, mémoire sociale, mémoire culturelle, mémoire populaire, contre-mémoire, identité, signification, représentation.
Collective memory, social memory, cultural memory, popular memory, counter-memory, identity, meaning, representation.
Resumo
Os estudos sobre memória social são um campo de estudo vasto que atravessa diferentes áreas disciplinares constituindo, por isso, um terreno de pesquisa de difícil delimitação conceptual. Procurando contribuir para uma clarificação do corpo teórico específico deste âmbito de estudo, este artigo tem por objectivo apresentar uma resenha crítica das principais linhas teóricas do estudo da memória social, nomeadamente, a teoria da memória colectiva de Halbwachs, a abordagem das “políticas da memória”, a abordagem da memória popular e, por último, a abordagem da memória enquanto “sistema cultural” de atribuição de significado que se produz ao longo do tempo. A revisão crítica das principais contribuições teóricas ao estudo da memória sugere a adopção de um modelo dialógico, que ressalve a natureza mediada e selectiva da recordação colectiva mas que, simultaneamente, enfatize o carácter dinâmico e inter-subjectivo da memória social.
Résumé
Les études de la mémoire sociale sont, en soie même, un terrain étendu qui traverse des différents secteurs disciplinaires en constituant, ainsi, un sujet de recherche dont la délimitation conceptuelle devient très difficile. En cherchant à contribuer à une clarification du corps théorique et spécifique de ce champ d’étude, cet article envisage à présenter un compte rendu critique des principales lignes théoriques de l’étude de la mémoire sociale et, particulièrement, de la théorie de la mémoire collective de Halbwachs, du traitement des “politiques de la mémoire”, de ce qui est des remniscences populaires et, finalement, de s’occuper de la mémoire tant q’un “système culturelle” qui rapport des valeurs et des sens qui se produisent et se perpétuent a travers les temps. La révision critique des principales contributions théoriques à l’étude de la mémoire, inspire l’adoption d’un modèle dialogique qui sauvegarde la caractère partagé et sélectif du souvenir collectif, mettant en évidence, au même temps, le caractère dynamique et intersubjectif de la mémoire sociale.
Abstract
Social memory studies represent a vast field for research, involving different disciplines. This makes it a difficult terrain to demarcate conceptually. This article seeks to try to clarify the specific theoretical corpus of this area by presenting a critical review of the main theoretical lines of study relating to social memory. It looks particularly at Halbwachs' theory of collective memory, at the "politics of memory" approach, at the popular memory approach and, finally, at memory as a "cultural system" that ascribes the meaning which is produced over time. The critical review of the main theoretical contributions to the study of memory indicates that a dialogic model should be adopted, which safeguards the mediated and selective nature of collective recollection, but which simultaneously stresses the dynamic, inter-subjective character of social memory.
Casas de África - Consumos e objectos domésticos no contexto colonial Moçambicano
Marta Vilar Rosales
Consumos, coisas, colonialismo, elites, memória
Consumption, things, colonialism, elites, memoirs
Resumo
O artigo que aqui se apresenta tem como objectivo estabelecer a integração de uma abordagem centrada nas “práticas de consumo” e nas relações entre “sujeitos e objectos” no contexto de um processo particularmente complexo como a expressão da memória acerca do período colonial. Partindo dos resultados apurados no decorrer de uma investigação conduzida junto de famílias que partilham um traço identitário comum – uma vivência prolongada (inter-geracional) em Moçambique, interrompida por uma migração forçada para Portugal após a independência deste país - procurar-se-á determinar os modos como as práticas de consumo e os relacionamentos com os objectos presentes nos seus espaços domésticos coloniais reflectem os seus percursos e as suas vivências quotidianas em Moçambique e são estrategicamente accionados, de acordo com as suas reconstruções, reposicionamentos e afirmações identitárias.
Résumé
(não disponibilizado)
Abstract
This article promotes a debate that integrates the study of “domestic consumption practices” and the relationships between “subjects and things” into the discussion of the complex field of the expression of colonial memories. Drawing on research data from a group of families with a similar identity feature – a long (inter-generational) life experience in colonial Mozambique, interrupted by a forced migration to Portugal due to the country’ independence process - the article aims to determine how domestic consumption practices and the appropriations of objects within their colonial homes reflect the families’ trajectories and daily routines in Mozambique and are actively used, according to their identities statements and (re)positioning strategies.
Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica do MFA: uma etnografia retrospectiva
Sónia Vespeira de Almeida
Metodologia, etnografia retrospectiva, memória, Portugal, transição democrática, Movimento das Forças Armadas
Méthodologie; ethnographie “rétrospectif“; mémoire; Portugal, transition démocratique, Movimento das Forças Armadas
Methodology, “retrospective” ethnography, memory, Portugal, democratic transition, Movimento das Forças Armadas
Resumo
Este artigo examina algumas questões metodológicas imbricadas numa etnografia “retrospectiva” que sustenta uma investigação sobre a ruralidade na transição democrática portuguesa. Toma como corpo empírico as Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica do Movimento das Forças Armadas (MFA) realizadas sobretudo no Norte e Centro de Portugal entre os anos de 1974 e 1975.
Résumé
Cet article examine quelques questions méthodologiques imbriquées dans une ethnographie «rétrospectif» que soutien une recherche sur la ruralité dans la transition démocratique portugaise. Prend comme corps empirique les Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica du Movimento das Forças Armadas (MFA) réalisées surtout dans le Nord et le Centre du Portugal entre les années de 1974 et 1975.
Abstract
This paper examines some methodological issues related with a “retrospective” ethnography in the context of an investigation about the rurality in the Portuguese democratic transition. It takes as an empirical field the Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica promoted by the Movimento das Forças Armadas (MFA) which occur especially in the North and Centre of the Portugal during the years of 1974 and 1975.
Antropologia e questões de escala: os lugares no mundo
Paula Godinho
Fronteira – escala – comunidades – fluxos – unidade aberta – redes – Norte de Portugal – Galiza
Frontière - échelle - communautés - flux - unité ouverte - réseaux - Nord du Portugal - Galice
Border - scales - communities - flows - open unit - network - Northern Portugal - Galicia
Resumo
Interrogo a noção de escala a partir duma investigação desenvolvida na fronteira que une o norte de Portugal e a Galiza, num período que se inicia na segunda metade do séc. XIX e que desemboca no tempo denso do presente, integrando processos globais e lógicas locais, comunidades face a face e comunidades imaginadas.
Résumé
J’interroge la notion d’échelle à partir d'une recherche développée dans la frontière qui joint le nord du Portugal et la Galice, dans une période qui s'initie dans la seconde moitié du XIXème siècle et débouche dans le temps dense de l'actualité, en intégrant des processus globaux et des logiques locales, des communautés face-à-face et des communautés imaginées.
Abstract
I interrogate the notion of scale from a research developed in the border that joins the north of Portugal and the Galicia, in a period between the second half of XIXth century and the density of present time, integrating global processes and local logics, imagined communities and face-to-face communities.
O acontecimento como fronteira de uma situação histórico-social
Alessandro Zagato
Acontecimento; problematicidade; fronteira; ruptura; representação; interpretação; verdade; intervenção; política; resistência.
Événement; problématicité; frontière; rupture; représentation; interprétation; vérité; intervention; politique; résistance.
Event; problematicity; border; rupture; representation; interpretation; truth; intervention; politic; resistance.
Resumo
Na definição teórica do acontecimento, a problematicidade ocupa uma posição central, determinando a natureza paradoxal da relação do próprio acontecimento face à situação histórico-social em que se coloca. Contudo, esta característica mostra-se insuficiente no que se refere à definição do acontecimento político, sendo neste caso necessário que a problematicidade se torne objecto de um pensamento de tipo interpretativo, i.e., que não procura a própria ordem no reflexo da realidade, mas opera um corte na estrutura representativa da mesma. A intervenção é a segunda condição necessária para que um acontecimento se possa considerar político, sendo imprescindível que subjectividades individuais e colectivas tomem parte num processo singular, que é produção da verdade do acontecimento. A análise de um estudo etnográfico realizado por Paula Godinho (2004, 2005) sobre a chamada “Guerra do Cambedo” torna possível testar algumas das ideias propostas, bem como focar alguns aspectos metodológicos incontornáveis para quem pretenda abordar o acontecimento na prática de investigação.
Résumé
Dans la définition théorique du événement, la problématicité occupe une position centrale, en déterminant la nature paradoxale de la relation de l’événement lui-même, en face de la situation historique-sociale sur laquelle se situe. Cependant, cette caractéristique est insuffisante en ce qui concerne à la définition de l’événement politique, dans ce cas il est nécessaire qui la problématique se rend objet d’un pensée de caractère interprétative, i.e., qui ne cherche pas l’ordre du réflexe de la réalité, mais qui opère une rupture dans la structure représentative de la même. L´intervention est la deuxième condition nécessaire pour q´un événement se puisse considérer politique, rendant indispensable qui subjectivités individuelles et collectives prennent partie dans un processus singulier, qui est la production de la vérité de l´évènement. L´analyse d´un étude ethnographique accompli pour Paula Godinho (2004, 2005) sur ce qui s´est appelée «Guerra do Cambedo» rend possible essayer quelques idées proposées, et aussi focaliser quelques aspects méthodologiques incontournables pour ceux qui veulent aborder l’événement dans la recherche scientifique.
Abstract
In the theoretical definition of the event, the concept of problematicity occupies a central position and determinates the paradoxical nature of the event’s relation with the socio-historical situation where it is placed. However, this characteristic is insufficient for the definition of the political event: in this case is required that the problematicity becomes object of an interpretative thought, i.e., that does not look for the proper order in the reflection of the reality, but operates a cut on its representative structure. The intervention is the second necessary condition so that an event can be consider political, being essential the fact that individual and collective subjectivities take part in a singular production, which is production of the truth of the event. The analysis of an ethnographic study carried through by Paula Godinho (2004, 2005) on the "Guerra do Cambedo" allows to test some of the ideas proposed, as well as to focus on some methodological aspects that are essential for who intends to approach the event in the practice of research.
Applied and Academic Anthropology in Development: Distance or Engagement?
Joana Gomes Cardoso
Antropologia aplicada – antropologia do desenvolvimento – ética
Anthropologie appliquée - Anthropologie du développement - éthique
Aplied anthropology – development anthropology – ethics
Resumo
O número de antropólogos que, de forma permanente ou esporádica, trabalham para governos, multinacionais ou organizações não-governamentais ligadas ao sector do desenvolvimento mantém-se elevado, apesar das críticas que questionam estes trabalhos de um ponto de vista ético e científico. Este artigo analisa algumas dessas críticas bem como as limitações práticas à aplicação dos métodos da disciplina nos trabalhos efectuados no contexto do desenvolvimento. Não obstante, o autor defende que existe um papel importante para os antropólogos neste sector, no sentido da produção de um maior número de estudos que responsabilizem esta "indústria" e os seus principais actores, cujas actividades afectam directamente a vida de milhares de pessoas.
Résumé
Le nombre d'anthropologues employés, de façon permanente ou temporaire, par des gouvernements, des multinationales, ou des organisations non- gouvernementales liées au secteur du développement reste élevé malgré les critiques sur les implications éthiques et scientifiques de ces travaux. Cet article analyse certaines de ces critiques, ainsi que les limites pratiques de la méthode anthropologique appliquée au contexte du développement. Selon l'auteur, l'apport de l'anthropologie au secteur du développement résiderait d'avantage dans sa capacité à produire des travaux indépendants de recherche qui obligeraient cette "industrie" et ses principaux acteurs à rendre compte de leurs activités.
Abstract
The number of anthropologists who permanently or sporadically work for governments, multinationals or non governmental organizations connected to the development sector remains high, despite criticism that questions the ethical and scientific implications of such work. This article looks at some of those claims as well as the practical limitations of the discipline's
methods when applied to the development context. Despite these, the author argues that anthropologists should become more involved with development, in the sense of producing more studies that will hold this "industry" and its
main actors accountable.
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