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5. Género / Genre / Gender
Outono/Inverno 1998
coord. Miguel Peixoto
Artigos
Ser um Homem? Reflexóes exploratórias.
Miguel Peixoto
Resumo
Ser homem implica uma alteração de comportamentos e de referentes que mudam ao longo do tempo. É uma procura que não tem fim, visto acontecer por interacção com os meios culturais e sociais. O que muda são as condições do exercício da virilidade e o significado que se lhes vai atribuindo.
Résumé
Être un homme implique une modification des comportements et des référents qui changent avec le temps. 11 s'agit d'une recherche sans fin, car cela est le résultat des interactions avec les différents milieu sociaux et culturels. Ce qui change ce sont les conditions de 1'exercice de la virilité ainsi que les significations qu'on lui attribue.
Abstract
Being a man implies a change both in behaviour and references, that change with time. It is an endless search, because that is the result of interaction with social and cultural environment. The conditions that surround the exercise of virility change alongside with the signification that is attributed to it.
Aprendizagens e Transmissão de Saberes em Meio Fabril, organização espacial e temporal do trabalho.
Ana Duarte e Isabel Victor
Resumo
O estudo que agora se apresenta teve como base um trabalho de campo, iniciado em 1987, em fábricas de conservas de Setúbal (em laboração até 1995), e a recolha e análise de conteúdo de histórias de vida de mais de cinco dezenas de operárias e operários desta indústria das quais seleccionamos 36 para este trabalho que abarca setenta anos de vida operária (1920-1990). Trata-se das memórias e das representações sobre o género que se iam construindo ao longo de um percurso profissional, ligado também ao contexto familiar e social. O museu do trabalho Michel Giacometti reconstitui, numa exposição permanente, parte da cadeia operatória do fabrico da conserva, mantendo intactos os equipamentos fixos (pios de lavagem, tanques de mouras e bancas de azeitar), recreando outras etapas com máquinas e materiais recolhidas noutras fábricas da cidade, que tinham o mesmo modelo de organização do espaço fabril e do sistema de trabalho.
Résumé
Cette étude est le résultat d'un travail de terrain commencé en 1987, concernant les conserveries de Setubal (travaillant depuis 1955), ainsi que la saisie et l'analyse de contenu d'histoires de vie de plus de cinquante ouvrières et ouvriers travaillant pour cette industrie, dont 36 ont été choisies pour cette étude qui couvre 70 années de vie ouvrière (1920-1990). 11 s'agit des mémoires et des représentations concernant le genre qui se construisait tout au long d'un parcours professionnel, líé aussi au contexte familial et social. Le musée du travail Michel Giacometti a reconstituer, sous la forme d'une exposition permanente, une partie de la chaîne opératoire de la préparation des conserves, gardant intact les équipements fixes (bac de nettoyage, bac de saumure et tables pour verser 1'huile d'olive), en recréant d'autres étapes en utilisant les machines et matériau en provenance d'autres conserveries de cette ville, ayant le même modèle d'organisation de 1'espace en usine ainsi que le même système de travail.
Abstract
This study results from a fieldwork that began in 1987 concerning the canning industry at Setúbal (working since 1955), completed by the analysis of content of lifestories of over fifty both female and male workers that worked for that industry. Thirty six lifestories were chosen for this study, covering 70 years of working people's life (1920-1990). That means memories and representations about gender, built along a professional course, linked to family and social context. Michel Giacometti's Museum of Work restored, through a permanent exhibition, part of the operational chain for canning preparation, maintaining intact fixed equipment (cleaning tank, brining tank and tables to put olive oil), recreating other stages with machinery and materials coming from other canners within the town, that followed the same spatial organisation and the same working system.
Corpo Escondido: a construção das identidades femininas.
Carla Pocinho
Resumo
Acaba por ser na relação com os agentes de socialização que a identidade se legitima. Por tradição entendem-se as práticas que eram comuns a um conjunto de pessoas, num dado local e que se define devido a um passado que se julga constante, em que os sujeitos mais não fazem do que repetir uma sabedoria que vem de trás. A identidade de género das mulheres que aqui se apresentam, foi uma identidade construída ao longo do seu percurso de vida. É da infância, no entanto, que algumas das mulheres entrevistadas têm melhores recordações que se prendem com a ausência de regras rigorosas. Num meio em que se prevê que os trabalhos que estas virão a desempenhar não pressupõem a necessidade da alfabetização, devido a um predomínio de uma actividade física repetitiva, a aprendizagem escolar mais não é de que uma "perda de tempo", cujo único objectivo seria escrever para os namorados, actividade essa desencorajada pelos pais das raparigas.
É o início de uma nova fase de exigências face à jovem, que desse momento em diante, para além dos deveres da casa, passa a ter que ter "cuidado" com o corpo. No entanto, é junto das amigas que elas conversam, que falam, que trocam oralmente todas as informações que aprendem com as mães em silêncio. Na transmissão de conhecimentos orais a experiência de um indivíduo torna-se na experiência de toda a sociedade, e é esse conhecimento que é passado ao longo do tempo.
Assim o que estas mulheres nos transmitem prende-se com aquilo que toda uma sociedade desejava que elas fossem, e que acaba por se tornar na sua identidade após um processo de interiorização que torna seus os valores preconizados pelo meio envolvente. Esta educação remete-as também para uma certa passividade de comportamentos principalmente em relação ao corpo, que é local de dor, e de culpa, mais do que de prazer, é um corpo que não se exprime voluntariamente, ou melhor, que é educado para que a sua expressão seja de recato e de passividade, enquanto para o homem reservam um papel activo.
No caso da identidade de género das mulheres, a sua construção passa pela relação com as outras mulheres, pois é com elas que se aprende como se faz, como se age, quais as posturas que se devem tomar, é com elas que se aprende uma cultura feminina.
Résumé
En fin de compte c'est au niveau de la relation avec les agents de la socialisation que 1'identité est légitimée. La tradition est 1'ensembie de pratique communes a un groupe de personnes appartenant a un lieu déterminé, définie par un passé jugé constant, où les sujets ne font que répéter une sagesse qui vient de loin. L’identité de genre des femmes ici présentées, est une identité construite pendant toute une vie. C'est toutefois 1'enfance qui rappelle les meilleures souvenirs auprès de certaines de ces femmes, puisqu'il n'y avait pas de règles rigoureuses. Quand un certain milieu considère que l'alphabétisation n'est pas nécessaire pour exercer un métier, où prédomine l'activité physique à caractère répétitif, l'apprentissage n'est rien d'autre sinon une perte de temps, dont le but pourrait être d'écrire des lettres à leurs petits amis, but découragé par les parents de ces jeunes filles.
Pour la majorité de ces femmes 1'école n'a signifié qu'un état d'apprentissage au sein de la communauté d'origine, puisque 1'école primaire se trouvait au village. Ne plus fréquenter 1'école revient a démarrer une activité d'entretien soit de la maison soit de la communauté où elles sont insérées.
Il s'agit d'une nouvelle phase qui implique de nouvelles exigences adressées à la jeune femme, qui doit, dès lors et en sus de ces devoirs ménagers, paire très attention à son corps. Elle bavarde et parle avec ses amies, pour échanger toutes les informations qu'elle a recueillies en silence auprès de sa mère. Pendant la transmission orale des connaissances 1'expérience d'une personne devient 1'expérience de toute la société, et c'est justement cette connaissance qui suit le fil du temps.
Cet article s'occupe du processus de socialisation d'un groupe de femmes, en considérant non seulement leur mémoire mais également la légitimation que ces femmes font de ces pratiques.
C'est ainsi que ces femmes nous transmettent ce qui correspond au sentiment profond de la société envers elles, qui devient finalement leur identité, suite à un processus d'intériorisation où les valeurs préconisées par leur milieu deviennent les leurs. Ce type d'éducation les renvoies également vers une certaine passivité au niveau des comportements, notamment eu égard leur corps, siège de la douleur et de la culpabilité, plus que de plaisir, il s'agit d'en faire un corps sans expression volontaire, qui doit chercher avant tout a n'exprimer que la retenue et la passivité. Le rôle actif est ce qu'elles réservent à 1'homme.
Quant à 1'identité de genre des femmes, sa construction passe par la relation avec les autres femmes, car c'est avec elles qu'elles apprennent comment faire, comment agir, quelle posture choisir, c'est avec elles qu'on apprend une culture féminine.
Abstract
In short, we may say that it is in regard to the agents of socialisation that identity attains legitimacy. Tradition is the whole of common practice to a group of people belonging to a certain place, defined by a past thought as a constant, where subjects do nothing else but reiterate a wisdom that comes from far away. Women identity as a gender and for those here introduced, corresponds to an identity that is built through out life. Nevertheless ir is infanthood that calls for the best memories to some of these women, since there were no rigorous rules. Whenever an environment sees no need for alphabetisation in order to practice a craft, where physical and repetitive activity is predominant, learning is a waste of time and could even lead to write to boyfriends, which is disencouraged by those youngsters parents.
The great majority of these women school hardly means more than apprenticeship within their original community, as primary school was at the village. Not going to school means taking care cither of home or of the community that surrounds them.
That is a new phase with new demands directed to the young woman, who shall consider very carefully her own body, in addition to her housewifely duties. She chats and talks to her girlfriends, so that she can exchange all information that she gathered in silence close to her mother. It is in the course of oral transmission of knowledge that the experience belonging to one person becomes the experience of a whole society, and it is this sort of knowledge that becomes timeless.
These women convey to us in this way what could be seen as the deepest feelings coming from society about themselves, that in the end become their own identity, after an interiorisation process whereby the social values became their own values. This kind of education pushes them to a kind of a behavioural passivity, namely to their body, seat of pain and guilt, rather than pleasure, the aim being a body voluntarily expressless, that should firstly show constrain and passivity. The active role is what they reserve to men.
Regarding female gender identity, this is built in relation with other women, since it is with them that they learn how to do, how to act, what posture to choose, it is with them that a female culture is learnt.
Género e Resistência Rural anti-salazarista: memórias Femininas do Couço (1958/62).
Paula Godinho
Resumo
Através de uma abordagem das lutas do Couço, uma povoação rural do sul de Portugal marcada por uma acentuada divisão em classes, nos anos que medeiam entre as eleições presidenciais de junho 1958 e as greves rurais de Maio de 1962, pretende detectar-se o papel desempenhado pelas mulheres, tornando legível a inexistência de autonomia feminina no contexto das movimentações locais, quer em termos organi2ativos, quer no conjunto de reivindicações expressas. Apesar de serem detentoras da memória de um colectivo ao longo de várias décadas acossado pelo estado autoritário, com as quebras na continuidade da vida quotidiana que as passagens à clandestinidade ou a detenção provocavam, foi essa mesma memória que providenciou a muitas das mulheres a sua fonte de identificação primária, a comunidade partilhada de sentido que deu direcção e ordem às suas vidas, garantindo em simultâneo a perpetuação grupal.
Résumé
Moyennant 1'étude des luttes qui ont eu lieu à Couço, village rural du sud portugais traversé par un clivage social importante pendant les années qui vont des élections présidentielles de juin 1958 aux grèves rurales de Mai 1962, on cherche à connaître le rôle joué par les femmes, ce qui mettra cri évidence l'absence d'autonomie féminine dans ]e contexte des mouvements locaux, que ce soit au ni -eau de 1'organisation ou de 1'ensemble des revendications exprimées. Malgré le fait de garder la mémoire d'un collectif soumis pendant des dizaines d'années à la répression exercée par un état autoritaire, introduisant des co-apures dans la vie quotidienne résultantes des détentions et des départs vers la clandestinité, cette mémoire a été pour beaucoup de femmes la source de leur identification primaire, la communauté de sens partagé qui leur a permit de donner un sens et de suivre une direction dans leurs vies, en assurant en même temps la perpétuation du groupe.
Abstract
Out of the study of fights at Couço, rural village from southern Portugal where there was a marked social stratification, that took place between the presidential elections of June 1958 and the rural strikes of Mai 1962, we will try to understand the role played by women, that will shed light on the absence of female autonomy in the context of local movements, both in organisational terms and in expressed demands of labour. Acknowledging the fact that they preserved the memory of a group that suffered from repression exerted by an authoritarian state for tens of years, cutting daily-life after detention or clandestineness, this memory was for many women the source for their primary identification, the community of shared sense that put order and showed a direction to their lifes, securing at the same time the perpetuation of the group.
Genero y Migraciones: en la frontera de lo social, lo economico y lo politico. El caso de la emigración de mujeres gallegas a Europa.
Beatriz Ruiz
Resumo
El objetivo del proyecto de investigación del que se presenta aquí algunas conclusiones, era dar la voz a los colectivos de emigrantes, para que expresen en términos, no académicos, sino vivénciales, por medio de la elaboración de histerias de vida, lo que es su visión de la emigración y el retorno. La participación de la mujer en los procesos migratorios ha sido frecuentemente invisibilizada e ignorada. En el caso de las mujeres emigrantes retomadas esto se ve doblemente, ya que la articulación de las economías domésticas de los emigrantes se apoya en dos lugares y dos economías, aunque integradas, la del lugar de origen y la del lugar de emigración.
La sociedad gallega ha estado acostumbrada durante siglos a los procesos migratorios y es sabida la importancia de la transferencia de recursos de todo tipo que se ha producido desde la "Galicia Externa", a la "Galicia Interna".
Una cuestión importante que debemos plantear es que la decisión de emigrar no es algo que se realice de forma democrática. Esto es evidente en lo que se refiere a la diferenciación generada por la edad. En este sentido son paradigmáticos los relatos de vida de Antonia (Alemania, joven), de Juana (Francia), y de Felisa (Suiza). La depresión infantil aparece como fruto de un desbarajuste de identidades. La reproducción del grupo doméstico se organiza a través de las redes de parentesco de la familia de la madre, formándose un continuo entre abuelas, madres e hijas, donde la cuestión del "maternaje", que aborda Manuel Castells en su libro sobre el poder de la identidad, es un elemento central.
Migraciones y género son dos conceptos muy interesantes por su capacidad heurística, de descubrimiento, ambos se sitúan en tierra de nadie, en la ambigüedad de la diversidad, que traen consigo los terrenos fronterizos, en la frontera de lo político, en la frontera de lo social, en la frontera de lo económico.
Résumé
L’objectif du projet de recherche dont on présente ici un certain nombre de conclusions, est de donner la parole aux collectifs d'émigrants, pour qu'ils puissent s'exprimer de vive voix, en élaborant leurs histoires de vie, afin de faire connaître leurs conception sur 1'émigration et le retour au pays. La participation de la femme dans ces processus migratoires a souvent été rendue invisible et a été ignorée. Pour ce qui est des femmes émigrées de retour au pays cette assertion s'applique doublement, car 1'économie domestique des émigrants s'appuie sur deux lieux et deux économies, quoique intégrés, celle du pays d'origine et celle du pays d'accueil.
La société de Gallicie est depuis des siècles habituée aux processus migratoires et tous s'apperçiovent de 1'importance que représentent les transferts de ressources de tout type de la "Gallicie Extérieure" vers la "Gallicie Intérieure".
On doit toutefois rappeler que la décision d’émigrer ne prend pas forme de façon démocratique. Ce qui est particulièrement évident ' quand on se tient aux différences liées aux différences d'âge. C'est justement dans ce sens que les histoires de vie de Antonia (Allemagne, jeune), Juana (France) et de Felisa (Suisse) deviennent des cas paradigmatique. La reproduction du groupe domestique s'organise à travers les réseaux de parenté de la famille de la mère, ce qui établi un continuum entre grands-mères, mères et filles, où la question du "maternage", traitée par Manuel Castells dans son livre sur le pouvoir de 1'identité, est un élément central.
Les migration et le genre sont des concepts très intéressants du fait de leur capacité heuristique, de découverte, car ils se trouvent en terrain neutre, au sein de l'ambiguïté de la diversité, ce qui fait apparaître les terrains de frontière, la frontière du politique, la frontière du social, la frontière de 1'économique.
Abstract
This research project aims at a number of conclusions, to voice the collectives of emigrants, to allow them to express in their own words their life stories, to know their concepts about emigration and return to homeland. The participation of women in these migration processes has often been rendered invisible and ignored. Regarding women that emigrated and carne back this can be seen twice, as emigrants domestic economy is based on two places and two economies, though integrated, that from their own country and that from the country where they emigrated.
Gallician society knows since several centuries the migration processes and is well aware of the importance of all kinds of resource transfer from "Outer Gallicia" to "Inner Gallicia".
We should remember that the emigration decision making process does not take place in a democratic manner. This is particularly evident when we consider differences linked to age. Antonia (Germany, young), Juana (France) and Felisa (Switzerland) lifestories are paradigmatic cases. The domestic group reproduction organises itself through kin network, namely the mother's, thus creating a continuum between grand-mother, mother and daughters, where "motherage", as considered by Manuel Castells in his book about the power of identity, is a central element.
Migration and gender are very interesting concepts due to their heuristic research capacity, as they are in a neutral place, within the ambiguity of diversity, which puts light on border delimitations, such as politic delimitation, social delimitation and economic delimitation.
Relações de Género: A criança, o lúdico e o conto de fadas.
Ana Felisbela Piedade
Resumo
As memórias dos indivíduos, que eles têm de si, dos outros e da sociedade onde existem (e das que não conhecem a não ser de ouvir dizer, pelos olhos e memórias de outros), não se esgotam num tema nem se espartilham ao gosto de qualquer conveniência metodológica para que seja mais fácil ao investigador estudá-las. Todos estes aspectos atravessam e fazem parte da vida dos indivíduos e são por eles referidos quando falam de si, do que são e da vida que é a sua - ou que eles vêm como sendo a sua. Em suma, da sua narrativa de vida.
"No tempo em que os animais falavam..." e situam-se num espaço de fantasia "Num reino muito, muito longe..."; - possibilitando-lhe identificar-se com um mundo que entende mas que é paralelo ao real; num mundo idêntico ao do jogo e da brincadeira, onde tudo ou quase tudo lhe é permitido, dentro de determinadas regras que ela conhece e em conjunto com as personagens que vai contactando ou inventa, estabelece.
Résumé
Les mémoire des individus-qu'ils ont d'eux-mêmes, des autres et de la société où ils sont (et de celles qu'ils ne connaissent pas sinon d'ouïe dire, a travers les yeux et la mémoire des autres) ne s'épuisent pas en fonction d'un thème et ne peuvent se retrouver à 1'étroit par le choix d'une quelconque convenance d'ordre méthodologique qui puisse rendre plus facile le travail de recherche du chercheur. Il s'agit d'un ensemble de questions Qui font partie de la vie des individus et auxquelles ils se réfèrent quand ils partie d'eux-mêmes, de ce qu'ils son et de la vie qui est la leur - ou qu'ils perçoivent comme étant la leur. En résumé, de leur récit de vie.
De la même façon que les choses se passaient de par le passé, un des moyens dom nous disposons pour distraire les enfants, leur transmettre une certaine culture et de mettre à leur disposition des référents du "bien" et du "mal", est l'utilisation des conte,, de fée et des fables, racontés au moment de se mettre au lit pour éloigner par ailleurs les "peurs".
«Quand les animaux parlaient...» en se retrouvant dans un espace de fantaisie "Dans un royaume très, très loin.." 1'enfant a la possibilité de s'identifier avec un monde qu'il comprend mais qui se trouve dans une dimension parallèle au réel; dans un monde identique à celui du jeu et de l'amusement, où presque tout lui est permis, en suivant néanmoins certaines règles qu'il connaît et crée avecles personnages qu'il contacte ou qu'il invente.
Les mémoires que ces individus gardent des temps de leur jeunesse et de leur enfance, pour ce qui est des relations entre genres ou pour ce qui a trait à d'autres questions du quotidien, son aussi bien des mémoires superposées, qui sont le fruit des expériences de vie, que d'un ensemble d'images apparemment réelles, qui sont le résultat d'un travail de conceptualisation, dont le sujet lui-même n'a pas une parfaite connaissance et que le chercheur doit essayer de mettre en lumière.
Abstract
Individuals have memories- about themselves, other individuals and society where they live (and about memories they perceive through other people's eyes and memories, which can not be circled into some methodology that could be used by a researcher in order to simplify its work. That means that they are part of their own life, and referred when they speak about themselves, what they are and their life- at least what they perceive as being their life. In short, their lifestory.
As it has always been, to entertain children, transmit culture and refer to good and evil, fables and fairy-tales are still used at sleeping time. They also are used to put away "fear".
"Once upon a time...” in the outer space of fantasy- "In a far away kingdom...” children are thus able to identify themselves with a world they understand but runs in parallel to reality; its a world likewise to play and game, where almost everything is allowed, accordingly to certain rules that they know and played with characters that are contacted or made up one after the other.
When these individuals think of gender or glances of daily life they refer themselves to those memories of youth and childhood, but these memories bear the fruit that is the result of superimposed experience of life and apparently real images, coming from a conceptualisation process that the subject is unaware of but that the researcher should investigate.
Entrevista
A História fala de Mulheres com Anne Cova
Entrevista realizada por Miguel de Lemos Peixoto.
Recensões
- Maurice Halbwachs 1877/1945. (Textos reunidos por) Christian de Montlibert, Collection de la Maison des Sciences de l’Homme de Strasbourg, nº 24, Strasbourg, Presses Universitaires de Strasbourg, 1997.
(por Alexandra Sofia Carvalho)
- La Discipline de l’Amour. L’Éducation Sentimentale des Filles et des Garçons à l’Âge du Romantisme. Houbre, Gabrielle ; Paris, Plon, 1997.
(por Aurízia Anica)
- Vers un Renouveau du Conflit Social?. Groux, Guy ; Paris, Bayard Éditions, 1998.
(por Ana Sofia Costa)
- Beyond Gender – The New Politics of Work and Family. Friedan, Betty; Washington, The Woodrow Wilson Center Press, 1997.
(por Leonor Domingues)
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